Conselhos são bons quando a gente pede e, melhor ainda, quando são dados por quem sabe sobre a nossa história. Quando não ocorrem nesse contexto, trata-se de palpites, como que uma intromissão naquilo que ninguém pediu. E, ultimamente, talvez por conta da exposição pelas redes sociais, parece que as pessoas estão cada vez mais enxeridas e invasivas. Que preguiça.

 

Tem muita gente por aí, principalmente na internet, ditando regras de tudo quanto é tipo, sobre comportamento, relacionamento, entre outros. Isso não é ruim, afinal, muitas vezes, lermos uma mensagem positiva nos dá um ânimo incrível. O problema é quando essas reflexões querem consolidar o que é certo ou errado, menosprezando aquilo com o que não se concorda, atacando sem o benefício da dúvida e da justificativa alheia.

 

Isso fica evidente quando, não raro, vemos alguém diminuindo e ridicularizando certos programas de TV, livros, tipos de música, estilos de se vestir. Querem ditar o que é melhor, mais culto, mais bonito, o que é superior. E, pior, atrelam a inteligência da pessoa ao que ela lê, ouve, assiste, veste. Como se alguém pudesse ser inferior a outrem, comparando os seus gostos e estilos de vida. Como se houvesse um check list para saber quem é intelectual ou não, por exemplo.

 

 

Você provavelmente já viu alguém se espantar com algum tipo de música de que você gosta ou com algum programa a que você assiste. O outro demonstra espanto e menosprezo, ao mesmo tempo, como se estivesse questionando as suas escolhas, como se elas não estivessem condizendo com a sua suposta superioridade. Isso é muito irritante. Quem, afinal, tem o direito de determinar o que é melhor ou pior? A gente ouve a música que quiser, a gente assiste ao que desejar, por favor.

 

Enfim, é perfeitamente possível ler filosofia e acompanhar o BBB. Formar-se em piano clássico e cantar pagode no churrasco. Assistir a filmes do Godard e também a seriados melosos na Netflix. Parem de ditar o que é culturalmente aceitável. Ninguém aguenta mais essa diarreia de regras.

 

Imagem: Reprodução/Globoplay BBB21