É muito triste ser enganado justamente por alguém em quem acreditamos, em quem confiamos. As pessoas com quem construímos um relacionamento sólido, baseado na confiança, conquistada com o tempo, são como uma segurança em nossas vidas, algo certo, em meio a um mundo cada vez mais assustador.

Qualquer tipo de relacionamento, seja amoroso, familiar, seja de amizade ou profissional, baseia-se, sobretudo na confiança entre as partes. Confiamos na verdade, na transparência do outro, para ficarmos mais à vontade, mais seguros de que, ao menos ali, não sofreremos, porque, ao menos ali, existe alguma constância, algo a que nos agarramos sem hesitação.

Quando nos sentimos bem junto com alguém, acabamos baixando a guarda, desnudando-nos a alma, os sonhos, os nossos afetos mais profundos. Conseguimos, assim, ser autênticos sem medo, falando daquilo que queremos, daquilo que tememos, daquilo que nos move por dentro. Acreditar em alguém é importante, para que não nos sintamos sozinhos demais.

Por isso mesmo é que dói tanto quando nos decepcionamos com alguém de quem jamais esperávamos algo ruim. Demora tanto para estabelecermos um alto grau de confiança no outro, que, quando isso cai por terra, nós nos sentimos muito mal. Porque a gente se abre, a gente conta tudo, doa-se, compartilhando o que somos por inteiro e, sem esperar, a gente dá de cara contra o muro da decepção. Dói demais a desconstrução da confiança.

Não engane ninguém e, sobretudo, jamais engane quem acredita em você, quem ficou ao seu lado partilhando afeto e verdade. Confiança é como um tesouro, que demora a ser encontrado, mas frágil quando se quebra por conta de mentira, de traição, de decepção. Poder confiar e ser objeto de confiança é uma das maiores riquezas que alguém pode ter nessa vida.

Imagem: Chinh Le Duc