É muito difícil sabermos com exatidão se estamos nos doando além de nossas forças, ou além do que o outro merece. Muitos de nós simplesmente nos doamos de maneira espontânea, sem nem pensar duas vezes. E, mesmo assim, vai ter sempre alguém que menosprezará nossos esforços, desdenhando de nossa boa vontade com ingratidão.

Faz parte da natureza de algumas pessoas esse impulso de ajudar, de resolver problemas, de fazer algo para o próximo. Trata-se de pessoas que jamais se negam a vir ao nosso encontro quando chamamos, pessoas que nos amparam e procuram respostas práticas para as situações adversas que atravessamos em nossas vidas.

Muitas vezes, nem é alguém da família, mas um amigo, ou mesmo um conhecido, quem mais se prontificará a vir em nosso socorro. Não importa onde estejam, não importa a hora do dia, há pessoas que respondem aos nossos chamados, com prontidão e sorriso no rosto. Não reclamam, não cobram, não esperam nada em troca, apenas se doam, ajudam, consolam.

Infelizmente, quando a gente ajuda o outro, nem sempre teremos de volta reconhecimento ou gratidão. Às vezes, inclusive, o que fizermos não será suficiente para que o outro reconheça o quanto fomos presentes e solícitos. A alguns, nada do que lhes chegar conseguirá tocar-lhes o coração, ainda que seu problema tenha sido resolvido.

E, pior, haverá quem se acostumará com nossa ajuda e, assim que não pudermos lhe responder na hora em que ele quiser, no exato momento de seu chamado, não saberão esperar, não entenderão o que nos impede, por mais sério que seja. A partir dali, então, não serviremos mais, nem nunca servimos, como se nada tivéssemos feito antes para ajudá-lo. Seremos, assim, o malvado da história.

Não adianta, por mais que você faça, vai ter sempre alguém dizendo “só isso?” Se você fez o seu melhor, se você sabe disso, fique tranquilo. É a ingratidão que faz o outro se comportar como um babaca.

Imagem: Elijah O’Donnell