Motivação

Na dor, ninguém é melhor do que ninguém

Conversando com uma grande amiga, dia desses, sobre problemas em geral, ela me disse algo que me fez refletir: “a dor nos iguala”. A gente conversava sobre nossos tombos, sobre as situações intranquilas da vida das pessoas, e aquela observação que ela fez foi crucial, para que eu pudesse procurar um entendimento mais coerente acerca dessas escuridões que nos envolvem com uma frequência maior do que gostaríamos.

A vida é bela, há felicidade, sim, em nossos caminhos, e temos muito a agradecer. No entanto, a vida também é caos, é imprevisibilidade, é luta, é perigoso. A gente colhe frutos amargos por conta das más escolhas que fazemos, mas também amarga as consequências do que nem fomos nós que provocamos. A gente acaba sofrendo pelo que fazemos e pelo que nos fazem, ou fazem de si mesmos.

Somos mais que somente nós mesmos. Somos o outro também, o parceiro, os irmãos, os amigos, os pais, os filhos. Somos nós e os outros. Ninguém consegue viver à revelia do que ocorre ao seu redor, sem se importar com as vidas que fazem parte das próprias vidas. E a gente sofre por um monte de coisa. A gente sofre as nossas próprias dores e as dores que não são nossas, mas que estão doendo em quem amamos, em quem sofre por aí.

Seguramente, uma das experiências que mais nos fortalecem é o enfrentamento das tempestades de nosso caminhar. A gente se molha e se machuca e se fere, sangra e encontra saídas. Por mais que não pareça haver solução, por mais que a dor pareça interminável, a gente encontra meios de sobreviver – é nosso instinto de sobrevivência, é a vida que pulsa dentro da gente. Ansiamos por viver, por respirar, por seguir, por vencer.

E conseguir digerir toda essa escuridão que derruba, conseguir encontrar um sentido naquilo tudo, é o que nos motiva a não desistir e a ficar mais gente a cada reerguimento. Por isso me foi tão importante ouvir que a dor nos iguala. Porque é verdade. Na dor, não existe rico, nem pobre, nem branco, nem negro, nem nada que nos diferencie. A dor vem pra todo mundo, o choro irrompe em qualquer um, todo mundo desaba e adentra o escuro dos dias traiçoeiros.

Tudo, portanto, há de ter um sentido, um porquê, uma razão de existir. Se o amor não trouxer a lucidez que se deve ter, a dor nos obriga a tomar consciência de nossa fragilidade, de nossa vulnerabilidade. A dor vem para trazer humildade aos nossos corações, para nos ensinar a enxergar o outro, ali em pé de igualdade conosco. A dor vem esbofetear nosso orgulho, nossa arrogância, nossa falta de fé.

E como é bom podermos, ao final das travessias pedregosas e doloridas, olhar para trás e dizer: eu consegui. Como a gente se engrandece por dentro, como a gente enriquece o coração, quando vence a escuridão dos dias sem fim. O amor cresce tanto aqui dentro. Amor e gratidão. É assim que a gente continua.

Imagem: Jeremy Wong

Prof. Marcel Camargo

Vivamos!

Share
Published by
Prof. Marcel Camargo

Recent Posts

Fim de ano não precisa ser um fim

Fim de ano não precisa ser um fim.

4 meses ago

As pessoas nos tratam de acordo com o que elas são

As pessoas nos tratam de acordo com o que elas são.

7 meses ago

Eu amo o som de máscaras caindo

Eu amo o som de máscaras caindo.

8 meses ago

Pessoas livres são encantadoras

Pessoas livres são encantadoras.

9 meses ago

Eu tomo minhas decisões em silêncio

Eu tomo minhas decisões em silêncio.

10 meses ago

Eu adoro as declarações de amor implícitas

Eu adoro as declarações de amor implícitas.

11 meses ago