Amor

Podemos amar as pessoas, mas não podemos fazer as escolhas por elas

Uma das coisas mais difíceis de aceitarmos é nossa impotência frente às escolhas de quem amamos. Bem que tentamos, mas nossos queridos não costumam trilhar todos os caminhos que queríamos, muitas vezes optando pelo mais difícil, pelo mais doloroso, e nada poderemos fazer, a não ser consolá-los durante a semeadura que chegar.

A gente até tenta alertar, ensinar, mostrar as escolhas que poderiam ser mais prazerosas, porém, as pessoas são únicas e possuem, cada uma, um ritmo peculiar nas batidas de seus corações. As pessoas mantêm um mundo dentro de si, um universo que precisa se expandir, muitas vezes no caminho inverso do nosso. E a gente sofre, porque dói ver um filho, um amigo, um parceiro escolher pelo que trará dor e sofrimento, enquanto falamos com as paredes.

Por mais que amemos alguém, portanto, não poderemos querer lhe controlar todos os passos – nem sobre os nossos temos total controle. Amar requer desprendimento e laço, jamais nó. Enquanto houver liberdade e respeito no relacionamento, mais ele se solidifica, porque então a integridade de cada um estará preservada, havendo duas verdades se completando, sem choque, sem necessidade de anular-se, diminuir-se, calar-se.

Logicamente, não poderemos cruzar os braços e apenas observar nossos filhos, amigos, quem amamos, tomando decisões equivocadas, sem tentar alertar, principalmente quando estiverem trilhando caminhos indignos, antiéticos. É nosso dever compartilhar conhecimentos e experiências que possam servir como lições, porém, muitas das escolhas alheias não nos incluirão, porque em nada se relacionarão conosco. Respeitá-las será preciso nesses momentos.

Controlarmos a nós mesmos, portanto, sempre será o melhor que poderemos fazer, pois tentar controlar o que está fora de nós quase nunca será possível. Cabe-nos amar as pessoas do jeitinho que elas são, naquilo que não ferem a nossa dignidade, para que possamos estar ao lado delas, principalmente quando estiverem sob as tempestades que elas próprias criaram. É assim que os laços se perpetuam.

Imagem: Joshua Earle

Prof. Marcel Camargo

Vivamos!

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